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PALAVRAS DO COMANDANTE DO 11º GAC

 

Além de referenciarmos a Tomada de Montese, a mais sangrenta batalha enfrentada pela Força Expedicionária Brasileira, também, nos cabe reverenciar os verdadeiros heróis que se uniram para combater o pretenso expansionismo nazi-fascista de curvar o mundo ao julgo alemão, em meados do século XX.

Foram mais de 25 mil heróis brasileiros que tiveram um papel fundamental nessa epopeia pela manutenção da ordem, liberdade e democracia mundial e que embarcaram, em 1944, para o ambiente físico diferenciado e desconhecido do Velho Mundo.

Após as primeiras vitórias das FEB, em Massarosa, a Camaiore e Monte Prano, já no período de 24 de novembro de 1944 a 21 de fevereiro de 1945, findado o inverno europeu, os Aliados conseguiram seguir para o norte da Itália, ao romper o complexo defensivo alemão, formado por fortificações nos Montes Apeninos, a chamada Linha Gótica, após a Conquista de Monte Castelo.

Aproveitando-se desses últimos êxitos, desenvolveu-se de 9 de abril a 2 de maio de 1945, a chamada Operação Grapeshot ou a Ofensiva da Primavera que consistia em uma operação de larga envergadura, cobrindo todo o norte da Itália, do Adriático ao Tirreno, com o objetivo de desmantelar de vez as linhas alemães, especialmente, a Linha Gengis-Khan, ao sul de Bolonha.

E é nesse contexto, onde surgem os heróis de Montese!

Como o, então, Gen Mascarenhas de Moraes, Comandante da FEB, que sabendo do valor dos nossos “pracinhas”, assessorou com êxito o Gen Crittenberg, Comandante do IV Exército, para que o emprego das tropas brasileiras, sob o comando de outro herói, o General Zenóbio da Costa, fosse de conquistar a localidade de Montese, o que foi aceito e realizado.

Pelo fato de Montese estar cravada em meio à montanhas e bosques, a conquista dessa localidade proporcionaria o avanço pelo vale do Rio Pó, acidente geográfico mais plano e, consequentemente, propício aos ataques aliados com blindados.

E assim, voltamos a dizer: lembrai-vos dos heróis!

Como os Tenentes Ary Ruen e Iporan, ambos do 11º RI.

No dia 14 de abril, às 1015h, após a realização dos reconhecimentos sem muito sucesso, devido à forte resistência inimiga e a presença de campos minados, o Cmt 11º RI deu ordem para que os Pelotões do Ten Ary e Iporan desencadeassem, às 1315h, o ataque principal, após os fogos de preparação que durariam cerca de 15 min.

Naquele momento, tombava o Ten Ary em solo italiano ao ser ferido mortalmente, ante aos fogos de barragens de armas automáticas e de artilharia. Porém, o Ten Iporan, mesmo sem o apoio dos blindados do 1º Grupamento americano barrado nos campos minados, obteve o êxito, após, magistralmente, desbordar a resistência presente no P Cot 759 e penetrar a cidade por sudoeste. Às 1445h, o comando da FEB já havia sido informado da chegada à localidade.

O único reforço ao pelotão do Ten Iporan foi o Pelotão de Choque, constituído por praças, dentre elas o Sgt Max Wolf Filho, selecionadas por seus excelentes desempenhos anteriores.

Vale lembrar que este último, outro grande herói, havia tombado dias antes de Montese, em 12 de abril, após ser atingido por rajada de metralhadora alemã em atividade de reconhecimento, em Monteforte e Riva di Biscia, na região de Montese, na denominada “terra de ninguém“.

Mas a manutenção da localidade não foi fácil! A resistência inimiga continuou, em 15 de abril, com mais de 3200 tiros da infantaria alemã sobre a Zona de Ação da 1ª Divisão de Infantaria, sendo considerada a jornada de maior número de impactos em toda a frente do IV Exército.

E dessa vez, tombou outro herói, integrante do 1º RI, o Asp Francisco Mega, ferido mortalmente no ataque à Cota 778.

Mas para uma tropa de heróis, só nos resta parafrasear o Gen Crittenberger, que, em 15 de abril, deu a seguinte declaração: “Na jornada de ontem, só os brasileiros mereceram minhas irrestritas congratulações; com o brilho de seu feito e seu espírito ofensivo, a Divisão Brasileira está em condições de ensinar às outras como se conquista uma cidade”.

Essa era a nossa invicta FEB!

Não poderíamos nos furtar em enaltecer, após a rendição alemã, em 18 de abril, o apoio prestado pela artilharia brasileira, por meio de heróis, como os, então, Gen Cordeiro de Farias e o Ten Cel Hugo Panasco Alvim, respectivamente, Comandantes da Artilharia Divisionária e do IV Grupo.

Sem o emprego dos fogos de precisão dos Grupo 105mm em apoio direto aos elementos de manobra e dos fogos de preparação e de aprofundamento do IV Grupo 155 mm em ação de conjunto, certamente, a vitória final teria um saldo maior do que as 426 baixas e 34 mortos.

E assim, só nos cabe agradecer a todas essas tropas febianas, sinérgicas, obstinadas e, principalmente, invictas, dentre as quais temos a honra de destacar. Os nossos sinceros agradecimentos:

Ao 1º Batalhão de Infantaria Mecanizado, o 1º RI, pelo seu empenho na frente norte e central do ataque aliado à Montese.

Ao 6º Batalhão de Infantaria Leve, o 6º RI, integrante da reserva da 1ª Divisão de Infantaria em Montese e considerada a Unidade com o maior número de jornadas em combate durante a campanha da FEB.

Ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, fundamental no controle da rendição da 148ª Divisão de Infantaria alemã, em Fornovo di Taro.

Ao 11º GAC, o IV Grupo, Unidade que tenho a honra de ser seu Comandante. O 1º Grupo 155 mm do Brasil e que executou, ao longo da 2ª Guerra, o maior número de missões de tiro, 1700. Somente, em Montese, foram executados cerca de 21.200 tiros.

Ao 20º GAC L, o III Grupo, responsável pelo último tiro naquela campanha, em apoio ao 1º RI e ao 6º RI.

Ao 21º GAC, o II Grupo, que, em Montese estava em apoio direto ao 371º RI (americano). O responsável pelo 1º tiro da nossa artilharia nos campos da Itália.

Ao 31º GAC, Unidade que, mesmo não sendo expedicionária, cedeu seus integrantes para a formação do I/1º Regimento de Artilharia Pesada Curta, mais tarde, 11º GAC.

Ao 1º Batalhão de Engenharia de Combate Escola, Unidade que apoiou a Zona de Ação do II/1º RI e a Zona de Ação do 11º RI, vital nas operações de abertura de brechas.

Ao Batalhão Escola de Comunicações, a Unidade de comunicações divisionária responsável pelas ligações entre todas as Unidades febianas.

À Bia Cmdo AD/1, Unidade responsável por mobiliar o Posto de Comando da Artilharia Divisionária.

Ao 1º Esquadrão de Cavalaria Leve, o Esquadrão de Reconhecimento, Reserva da 1ª Divisão de Infantaria, a única Unidade de Cavalaria a participar da 2ª GM.

Ao Serviço de Saúde do EB, o Batalhão de Saúde da 1ª DIE, que, mesmo não se fazendo presente, merece toda a nossa deferência, especialmente, em virtude do empenho desses profissionais que estão na linha de frente desse quadro pandêmico que o mundo vive atualmente.

Por fim, deixamos a mensagem de que um evento da amplitude da Tomada de Montese, se reveste de um legado histórico e doutrinário e que deve ser comemorado eternamente. Todavia, a ideia principal é a motivação e os valores intrínsecos ao profissional militar cultuados desde sempre, com a convicção de que as novas gerações de militares continuam se espelhando naqueles nossos heróicos antepassados.

Brasil!!!... Acima de Tudo!!!

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